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terça-feira, 26 de agosto de 2014

"EMPENHAR-SE PELA UNIDADE"

Bom dia !
A unidade é algo sobrenaturalmente matemático. Se dois indivíduos são iguais ao Amor, são iguais entre si.
Em outras palavras, o amor nos faz um. O amor gera a unidade, porque o amor de natureza divina tem a característica de ser uno e trino.
Um modo mais claro de comprometer-se com a unidade é o de estarmos prontos a ter a presença de Jesus entre nós. Se nos tornamos outros Cristo, somos todos um. E ele entre nós age, ama e realiza a unidade.
Portanto, a unidade é dom de Deus, mas necessita do empenho de cada um.
Para hoje, dia 26 de agosto de 2014:
"EMPENHAR-SE PELA UNIDADE"
Abraços,
Apolonio





Apolonio Carvalho Nascimento
apoloniocnn@gmail.com
Tel.: 005591 81185008 (Cel.)
   

LUCIANO SEPÚLVEDA, O IDEALISTA INGÊNUO

CONSIDERAÇÕES POLÍTICAS DE UM IDEALISTA INGÊNUO
Texto de Luciano Sepulveda de Souza

Estão se aproximando as eleições para Presidente da República. E, como se sabe, não existe neutralidade na política, como não existe na ciência, na ideologia, e em quase tudo que compõe a realidade humana. Portanto, para ser honesto, como se verá em seguida, não obstante minha já declarada ingenuidade, me posiciono.
É compreensível, além de ser democraticamente saudável que, depois de 12 anos tendo no poder o mesmo grupo político, a sociedade anseie por mudanças, por renovação. Aliás, para o bem de um regime democrático, é sempre aconselhável o revezamento entre os partidos mais representativos no exercício do poder. O problema do Brasil, assim como de outros países democráticos, é que essa disputa se polarizou há décadas entre os dois partidos mais votados, deixando de fora os menores. Isso, por sua vez, não é sinal de muita “saúde democrática” para uma Nação, mas parece ser a tendência política nas atuais sociedades do “mundo livre” globalizado.
Porém, como todos concordam, essa mudança deve ser para melhor, para fazer avançar em todos os pontos importantes, do social ao econômico, do cultural à saúde, etc. Aliás, todos nós sabemos até à exaustão (e muitas vezes, ao tédio) que é exatamente nesse campo (da vontade geral popular de melhorar) é que se baseiam os discursos dos partidos e dos candidatos em tempos de eleição. É nesse contexto que insiro a minha ingênua reflexão, que a seguir apresento.
Qualquer pessoa minimamente informada, com um mínimo de consciência crítica, conhecimento da história mais recente (últimos 50 anos, ao menos) do País, e, acima de tudo, suficientemente honesta, vai concordar que o PT atualmente tem perdido apoio na sociedade, mais pelos seus erros do que pelas coisas que deixou de realizar. E que a oposição, principalmente nos últimos meses, com o apoio maciço da “grande mídia” (o que não é também uma novidade) tem colhido frutos entre os eleitores muito mais por saber aproveitar com mestria essa fraqueza do grupo da situação, do que por méritos próprios, propostas claras, robustas e viáveis (isso também, nenhuma novidade).
Recentemente estive numa festa com um grupo de pessoas, representantes de várias extrações da elite tupiniquim: muito ricos, ricos e de classe média alta. Pude ver claramente o quanto eles odeiam radicalmente o Lula, a Dilma e o PT. Aprofundando, com muito cuidado para não polemizar ou transformar a conversa em uma desagradável discussão ideológica ou partidária, pude constatar o que está por trás dessa enorme rejeição e dessa raiva explosiva. Basicamente é isso: por culpa do PT, o País não é mais o mesmo. Os pobres não sabem mais reconhecer seu lugar na sociedade: invadiram todos os antigos redutos da elite: os aeroportos, os shoppings, as universidades federais e as melhores faculdades particulares, etc. Além disso, compram carros, lotam as autoescolas, os supermercados... E o que é pior, tudo isso com o dinheiro tomado por um “governo comunista” dessa mesma elite “trabalhadora e produtora de riqueza para o país”, para dá-lo de “mão beijada” a vagabundos preguiçosos, responsáveis pela sua própria pobreza e ignorância. Enfim, sintetizando, o motivo fundamental parece ser mesmo esse: o PT é culpado por ter tirado as “classes baixas” da sua tradicional invisibilidade, e desencadeado um processo reivindicativo nos subalternos “jamais visto na história desse País”. Não que a elite seja contra os pobres. O problema é tirá-los da sua tutela, sua caridade familiar e empresarial (disso ninguém tem dúvida, a maioria ajuda os pobres que lhes estão mais próximos), e insuflar neles a vontade de sair de sua condição subalterna.
Outra questão muito explorada pela oposição, com o auxílio luxuoso da “grande mídia”, sua aliada histórica, é o tão propalado “governo do PT é o mais corrupto de toda a história do Brasil”. Símbolo emblemático disso foi o megamidiático processo do Mensalão, com direito a “Super Herói” e bandidos, metralhas, petralhas... algo realmente espetacular!
Não é meu objetivo aqui discutir esse fato em si, já amplamente debatido, à esquerda e à direita, a propósito e a despropósito, por gente muito informada e competente no campo jurídico e por gente mal intencionada ou manipuladora da (frágil) opinião pública tupiniquim, tão acostumada aos espetáculos midiáticos a ela servidos diariamente pelos grandes conglomerados da “comunicação” nacional. A História, essa implacável juíza, vai trazer a seu tempo a verdade à tona, doa à esquerda ou à direita, como aliás sempre faz.
O que proponho aqui é uma reflexão muito mais profunda e fundamental sobre essa questão da corrupção, não só do PT, mas de toda a política brasileira nessas décadas que se seguiram à redemocratização do País.
Esse problema, atualmente, está fortemente imbricado com outro não menos importante para a democracia, a tão defendida, por parte da “grande mídia” nacional (ultimamente de modo quase histérico) “liberdade de imprensa”. O ponto que proponho à reflexão é simples: será que o governo do PT, impiedosamente alvejado e atacado, algumas vezes com características de “linchamento”, exaustivamente em todos os meios de comunicação de massa é mesmo mais corrupto (ou muito mais corrupto, como se grita aos quatro ventos) que o governo anterior? Aliás, Lula, Dilma e seus “companheiros” são mesmo tão piores que os “impolutos senhores” da Oposição, seja os na ativa, seja os já “aposentados” da cena política nacional?
Convido aos pensam que sim a procurar toda uma literatura séria, documentada, publicada e à disposição (estranhamente esses livros foram solenemente ignorados pela “grande mídia”) nas melhores livrarias do País. Trata-se de jornalismo sério, mas por alguma misteriosa razão, não se viu em todos esses anos nenhuma resenha, nenhuma crítica (nem ao menos negativa) sobre esses trabalhos que, agora praticamente desconhecidos, com certeza, a História há de conduzir ao seu merecido posto. Parece que a ordem geral é a de ignorar esse fatos.
Enfim, será que o fato de a mídia se calar sistematicamente sobre os malfeitos de um grupo político – inclusive sobre outros “mensalões” que não o petista - faz do outro grupo, colocado sob holofotes negativos diariamente, mais corrupto que o primeiro? Aliás, na época que o partido mais importante da Oposição tinha um seu ilustre representante na Presidência da República, aquele senhor que conseguira por meios misteriosos emplacar a própria “reeleição presidencial” no nosso sistema político, praticamente nada veiculava de negativo sobre ele na mídia. Tampouco foi instaurado qualquer processo importante contra ele e seu grupo no Congresso. Eram os tempos em que o Procurador Geral da República foi simpaticamente apelidado de “Engavetador Geral da República”... lembram-se dele?
Trazendo isso para o presente, não muito diferente daqueles tempos, ao menos no Estado da Federação em que vivo, no qual não se vê e não se ouve na mídia local e regional nenhuma (em absoluto!) espécie de crítica negativa ao grupo político de Oposição que o governa, ao mesmo tempo em que abundam as propagandas que anunciam ininterruptamente os grandes avanços, os altos níveis alcançados em todos os itens de desenvolvimento humano, econômico e social. A crer em tais propagandas, vivemos em uma espécie de Suíça encravada no Brasil. E se alguma coisa vai mal, com toda certeza é culpa do governo federal. Por outro lado, apropria-se sem escrúpulos dos bons frutos das políticas sociais federais como resultado da boa administração estadual. Pergunto-me: esses governantes e seu carismático líder, candidato mais representativo da Oposição à disputa pela Presidência da República são mesmo tão competentes e íntegros como aparecem na mídia, ou trata-se de uma orquestrada e bem administrada blindagem nos veículos de comunicação?
Deixemos de lado essas questões mais contundentes da crônica política e nos concentremos em um aspecto que, ao meu modesto ver, é muito mais importante e é a questão fundamental.
Naturalmente, não concordo e não acho uma coisa normal que o PT no poder tenha se revelado mais um partido convivente com a corrupção e, em alguns casos, também ativamente corrupto. Se havia um partido cujo compromisso moral com a sociedade brasileira de fazer a nossa política voltar aos trilhos da honradez, esse era o PT. Diante disso, como é saudável nos regimes democráticos, caberia uma renovação. O problema é exatamente esse: renovar, mudar, significa avançar, progredir, andar para frente, e não voltar atrás. Não obstante todo o discurso de atualização, modernização, etc., que tem sido usado à exaustão pela Oposição, é preciso ir muito além dos discursos, dos marketings partidários, dos candidatos, suas qualidades e defeitos, para entender o que realmente está por detrás, a verdadeira identidade política e ideológica desses dois grandes partidos que recentemente polarizam a cena política brasileira.
Não obstante suas evidentes falhas e incoerências, não se pode negar que o PT é e sempre foi um partido com profundas preocupações sociais e comprometido com os verdadeiros interesses da sociedade brasileira como um todo. Sua concepção de economia é desenvolvimentista e de diminuição do profundo abismo que, no Brasil, escandalosamente separa os mais ricos dos mais pobres. Essa triste situação choca o mundo inteiro, menos, ao que parece, aqueles que militam há séculos dentro do País para que ela não seja mudada. Ao contrário do seu principal oposicionista, que defende a já caduca (essa, sim, superada!) ideia do Estado mínimo, ou melhor do Estado vassalo do Mercado e do poder econômico internacional, o PT sempre defendeu e praticou um Estado que assume suas responsabilidades, mesmo errando às vezes, mas sempre procurando corrigir a rota, para com o interesse nacional, que toma decisões importantes, as quais quase nunca agradam os grandes bancos, mercado financeiro e às grandes potências ocidentais, acostumadas a nos tratar como seu quintal.
Para se certificar disso, basta ver como nesses últimos seis anos em que grande parte dos países ocidentais, inclusive os países mais ricos, como EUA, Inglaterra, França, Itália e Espanha sucumbiram à grave crise econômica global de 2008, comprovadamente fruto da capitulação irresponsável dos governos desses grandes países aos ditames do neoliberalismo mais radical, principalmente o mito da liberalização e autonomia total do mercado financeiro e dos grandes bancos. O resultado está aí, basta procurar informar-se seriamente sobre o assunto. Foi um festival de irresponsabilidades com o dinheiro público e privado. E ninguém foi punido, a não ser o povo, que perdeu o emprego, os bens, a poupança, direitos, etc.
No Brasil, não obstante esse grave cenário, as (tão criticadas) políticas sociais do governo alavancaram as classes despossuídas e movimentaram intensamente o mercado interno, aquecendo a economia nacional e ajudando o País a passar quase incólume por essas águas turvas que ameaçam a economia global. Outro grande acerto foi a coragem que o PT teve, nos seus dois governos, de abrir as relações comerciais do Brasil a outras grandes economias, principalmente os BRICS, o que se revelou crucial no atual cenário de crise dos mercados ocidentais. A nossa tradicional dependência comercial (e consequentemente, também política) dos EUA e das potências europeias ocidentais sempre nos relegou a um papel de subalternos. Isso teria sido a nossa ruina depois de 2008. Se alguém tem dúvida, basta pesquisar sobre a situação atual do México, que na última década tem sido um fiel escudeiro econômico do mercado norte-americano.
Agora vejamos o caso do PSDB. Não obstante o pomposo nome, na verdade a linha ideológica e prática do partido é o neoliberalismo puro sangue: Estado mínimo, autonomia total para o mercado e os bancos, privatização (venda das empresas públicas nacionais), políticas de “choque de gestão” (muito querida a um certo candidato à Presidência), fidelidade aos ditames do FMI, alinhamento com a política econômica externa dos EUA (ALCA, etc.).
A política econômica neoliberal, fiel escudeira do capitalismo financeiro globalizado, promove amplamente oportunidades de evasão fiscal às grandes empresas internacionais e aos endinheirados por meio das isenções de impostos a elas oferecidos. Portanto, para realizar os déficits fiscais, baseiam-se exclusivamente no corte de despesas públicas, principalmente os de seguridade social, de educação pública e de infraestrutura.
A política econômica neoliberal aceita de bom grado todos os vetos impostos pelo capital globalizado às políticas macroeconômicas do Estado, favorecendo assim o enriquecimento astronômico dos 1% mais ricos, abandonando os 99% à própria sorte.
Se compreende, dessa forma, o que realmente está por traz do ódio que os defensores de tais posições político-econômicas nutrem por Dilma. Odeiam-na acima de tudo por ter colocado freios no apetite insaciável por lucros fáceis dos bancos que, junto aos grandes capitalistas e conglomerados financeiros globalizados, são os verdadeiros controladores e centralizadores da riqueza mundial, manipulando Estados e políticos. Os grandes bancos internacionais, com o pleno aval dos países de governos neoliberais, administram a circulação da riqueza global, tendo ampla autoridade sobre as decisões econômicas locais, sempre controladas pelo temido “mercado”.
Que os milionários, os muito ricos, os ricos e parte da classe média alta votem em partidos neoliberais ou de direita, é natura,l coerente e amplamente compreensível. Também está justificado o ódio que nutrem ao PT. Está provado que para estes que fazem parte da elite econômica do País, o neoliberalismo é vantajoso, pois como comprovam inúmeros estudos sérios publicados nos últimos anos, no mundo a cada ano a concentração de renda aumenta consideravelmente para o 1% de privilegiados da população global. Aliás, ao contrário do que apregoam os defensores da globalização liberal econômica, esses estudos mostram que esse seleto grupo dos muitíssimo ricos está se tornando cada vez menor, enquanto a riqueza de cada um deles tem crescido exponencialmente.
Porém, é triste ver pessoas de classe média e pobres votando inocentemente nos representantes do neoliberalismo, na esperança de que assim suas vidas melhorarão. Existem duas razões possíveis para tal atitude: ou não fazem a mínima ideia do que seja o neoliberalismo, ou nem desconfiam de que os candidatos em que votam sejam os mais fiéis representantes dessa corrente política.
O que inevitavelmente lhes espera (isso está provado historicamente, qualquer dúvida, consulte os números e dados do período de FHC na Presidência) é o desemprego (choque de gestão e privatização), o enfraquecimento radical das políticas sociais, o sucateamento das instituições públicas (inclusive as educacionais e da saúde). O empobrecimento geral da base provocará o desaquecimento da economia doméstica o que, por tabela, afetará o pequeno empresário (o dono do bar, da lanchonete, da loja do bairro, etc.) A abertura total da nossa economia para o capital internacional e aos investimentos externos, segundo as “regras” do mercado financeiro, fará, sim, crescer o PIB, e isso será apregoado aos quatros ventos da Nação. O segredo, porém, que ficará fechado a sete chaves, inacessível ao populacho, é que esse maravilhoso PIB nacional não será socializado, mas devidamente elitizado. E ainda assim, a maior parte dessa riqueza estará fora do País, nas sedes dos grandes conglomerados, dos bancos internacionais e, naturalmente, nos paraísos fiscais. É que no sistema neoliberal, as riquezas devem ser elitizadas. Os prejuízos e consequências negativas de tais escolhas, por sua vez, devidamente “socializados”. Os economistas irão à TV explicar que a vida está difícil para todos, sim, mas o que importa é que o País possui um PIB invejável! Que nos orgulhemos disso!
E eu pergunto: e os pobres? Ah, sim... é verdade. Desculpem-me essa pergunta absolutamente fora de moda nesses tempos de modernização liberal globalizada. Esta é mais uma prova que dou de que sou mesmo um incorrigível idealista ingênuo, um homem de outros tempos.

Belo Horizonte, agosto de 2014