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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

"PREPARAR-SE PARA A VINDA DO SENHOR"

Bom dia ! Hoje estamos à espera de alguém muito importante. Deus preparou a sua vinda entre nós durante séculos: escolheu um povo e o preparou. Enviou profetas, prescreveu regras, instituiu cultos religiosos, cultivou bons sentimentos em seus corações e enviou-lhes anjos mensageiros. Mesmo assim, quando Jesus chegou não encontrou acolhida e ao nascer foi colocado em um cocho onde comiam os animais. Preparemos nossos corações para recebê-lo bem. Eliminemos todos os sentimentos que nos fazem feios por dentro: rancor, ódio, inveja e tudo que deles decorre, como inimizades, distanciamento, julgamentos e condenações. Enfim, façamos de nossos corações um berço de ouro e não uma manjedoura. Demos a Jesus um lugar digno. Preparemos nossos corações para a chegada do Amor. Para hoje, dia 24 de dezembro de 2014: "PREPARAR-SE PARA A VINDA DO SENHOR" Abraços, Apolonio

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

"NÃO MARGINALIZAR NINGUÉM"

Bom dia ! O fato de alguém considerar-se de uma determinada categoria de pessoas, já discrimina inconscientemente todas as outras de categorias inferiores. Se intencionalmente faz escolhas entre as pessoas, discrimina de forma mais evidente. E ainda, se exclui alguém por ser de raça, cor, classe social, religião ou idade diferente, comete um pecado social. Somos todos iguais e assim devemos nos sentir e nos tratar. Se alguém encontra-se em uma situação diferente da minha, por escolha ou contingência da vida, isso não muda em nada a sua essência. Deus nos considera todos seus filhos, sem exceções e sem acepção de pessoas. Ele faz chover sobre ricos e pobres, sobre bons e maus, sobre justos e injustos. E somente Ele pode julgar a nossa consciência. Portanto, lembremos que diante de Deus somos todos iguais. Não julguemos a aparência, pois niguém é capaz de conhecer a intenção do outro sem que ele a revele. Para hoje, dia 23 de dezembro de 2014: "NÃO MARGINALIZAR NINGUÉM" Abraços, Apolonio

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

"DIFUNDIR AO NOSSO REDOR CALOE E ESPERANÇA"

Bom dia ! O que necessitam as pessoas que estão ao nosso redor? E o que podemos oferecer? Essa é uma boa reflexão para o período natalino. O que podemos doar? Devemozs encontrar uma resposta que sirva para todos. Parentes, amigos, pobres e ricos. Duas coiszas são imprescindíveis nesta época em que vivemos: calor humano e esperança. O calor humano aquece os orações e os relacionamentos. A esperança traz o entusiasmo necessário para recomeçar, para acreditar em boas mudanças e novos projetos. Distribuamos esses dois presentes a todos que cruzarem nosso caminho. Busquemos dentro de nós a chama do amor de Deus e façamos com que se alastre. Olhemos para frente junto com o outro, para que o horizonte da esperança tenha uma amplitude maior. Para hoje, dia 22 de dezembro de 2014: "DIFUNDIR AO NOSSO REDOR CALOE E ESPERANÇA" Abraços, Apolonio

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Francisco e Bartolomeu

"ASSUMIR COMO PRÓPRIAS AS NECESSIDADES DOS OUTROS"

Bom dia ! Se existe o amor recíproco, assumo como meu tudo o que diz respeito ao outro. As suas alegrias e dores, as suas conquistas e fracassos, as suas dúvidas e angústias, o seu sucesso. A comunhão é a marca daqueles que se amam. Ela transborda e vai além do círculo familiar e das amizades. Chega ao sofredor anônimo, ao indigente marginalizado e ao desconhecido que carece de ajuda. Assumir as necessidades do irmão nos ajuda a evoluir individualmente e coletivamente, pois o amor é a característica do povo de Deus e da mais alta civilização. Para hoje, dia 08 de dezembro de 2014: "ASSUMIR COMO PRÓPRIAS AS NECESSIDADES DOS OUTROS" Abraços, Apolonio Apolonio Carvalho Nascimento apoloniocnn@gmail.com Links:​​ Blogg: parolafocolare.blogspot.com.br App: Passa Parola (Thiago Bruno Sales)

sábado, 6 de dezembro de 2014

Grupo "Emaús" se encontra com a Presidente Dilma

A presidente Dilma recebeu, a 26/11, uma delegação do Grupo Emaús: Leonardo Boff, Márcia Miranda, Maria Helena Arrochellas, Luiz Carlos Susin, Rosileny Schwantes e eu. Entregamos a ela a carta "O Brasil que queremos”, com críticas e sugestões ao governo. E insistimos no diálogo com os movimentos sociais. O Grupo Emaús existe há 40 anos. O nome deriva do episódio evangélico ( Lucas 24, 13-35), no qual Jesus ressuscitado, a caminho do povoado chamado Emaús, encontra dois discípulos abatidos por ele ter sido crucificado sem que suas promessas se cumprissem. Sem se darem conta de que estão acompanhados pelo próprio Jesus, ouvem o que este diz e, enfim, abrem os olhos da fé e, no jantar em Emaús, reconhecem, ao partilharem o pão, a presença viva daquele que fora crucificado. A ideia do grupo nasceu de frades dominicanos encarcerados sob a ditadura. A teologia da libertação despontava na América Latina. Leonardo Boff havia lançado, em 1972, no Brasil, seu "Jesus Cristo libertador”, e Gustavo Gutiérrez, no Peru, "Teologia da Libertação” (1971), dedicado ao padre Henrique Pereira Neto, assessor de Dom Helder Camara, assassinado no Recife pela ditadura. Nossa proposta era aglutinar teólogos e assessores de Comunidades Eclesiais de Base em um grupo capaz de dar consistência metodológica à teologia da libertação (que encara a fé pela ótica dos pobres) e criar ferramentas para difundi-la. Sociólogos(as), educadores(as), filósofos(as) e militantes de pastorais populares se incorporaram ao grupo. Somos, hoje, cerca de 40 participantes, entre católicos e protestantes. Reservamos dois fins de semana do ano para nos encontrar. Então, relatamos nossas atividades pessoais, analisamos as conjunturas política e eclesial, debatemos um tema previamente escolhido, oramos e promovemos uma celebração litúrgica no domingo. Nesses 40 anos, o Grupo Emaús produziu frutos consistentes: assessorias às Comunidades Eclesiais de Base e a seus encontros nacionais, denominados intereclesiais; curso anual de atualização teológica para bispos da América Latina; criação do Movimento Fé e Política, do CESEEP (Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educação Popular), e do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), do Curso de Verão (em várias capitais, destinados a militantes de pastorais populares); edição da coleção "Teologia da Libertação”, pela editora Vozes; assessoria às Campanhas da Fraternidade, promovidas anualmente pela CNBB e o CONIC; realização, em maio deste ano, do I Encontro de Espiritualidade para Jovens etc. Somos um grupo apartidário e ecumênico, aberto ao diálogo com outras denominações religiosas. O que nos une é a fé cristã, o serviço à fé dos mais pobres e o amor à Igreja. Temos opiniões políticas distintas, razão pela qual nem todos assinaram a carta à Dilma. Porém, não somos uma "academia teológica”, e todos mantemos vínculos com as comunidades cristãs populares e os movimentos sociais. Entre nós há quem trabalha com catadores de material reciclável, comunidades de favelas, jovens, direitos humanos, proteção ambiental, grupos de oração, grupos de estudos bíblicos e assessorias internacionais em âmbito pastoral, ecumênico, e de diálogo entre fé e ciência, religião e Estado. Convidamos, às nossas reuniões, amigos que, eventualmente, possam participar de uma reflexão específica. Assim, já estiveram conosco Luis Dulci, Gilberto Carvalho, Boaventura de Sousa Santos, Michael Lowy e outros. O mais recente convite foi à presidente Dilma. Frei Betto é escritor, autor de "Oito vias para ser feliz” (Planeta), entre outros livros. http://www.freibetto.org/ > twitter:@freibetto.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

"CONSTRUIR RELACIONAMENTOS FRATERNOS"

Bom dia ! Se temos como base o amor ao irmão, que desencadeia a reciprocidade no modo como Jesus nos indicou, temos entre nós a verdadeira fraternidade. Nossos relacionamentos serão fraternos se soubermos aplicar o Mandamento Novo de Jesus "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei."(João 13,34) O apóstolo João fala de modo muito forte em suas cartas: "Se alguém diz que ama Deus, mas odeia seu irmão, é um mentiroso."(1João 4,20) E continua explicando que ninguém pode amar a Deus que não vê se não ama ao irmão que vê. Portanto, quem é cristão tem o dever de criar relacionamentos fraternos. E mesmo que não seja cristão, só tem a lucrar adotando esse estilo de vida. Para hoje, dia 8 de janeiro de 2015: "CONSTRUIR RELACIONAMENTOS FRATERNOS" Abraços, Apolonio

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

"PERSPECTIVAS DE COMUNHÃO" Antonio Capelesso - Eucaristia: Mistério de Comunhão.

CPerspectivas de omunhão Ano XXIII - dezembro de 2014 - n. 11 Neste Número Eucaristia, mistério de Comunhão: Emmaus Entrevista: Jesús Morán - novo Co-presidente da Obra Assembleia dos padres focolarinos: Antonio e Hubertus Comunhão de experiências: Vários  Editorial Antonio Capelesso Eucaristia: Mistério de Comunhão. Esse é o tema que neste novo ano ideal os membros do Movimen- to dos focolares procuramos aprofundar e viver todos juntos. A primeira palavra que aparece neste enunciado é que a Eucaristia é mistério. Diante disto nos perguntamos sobre a atitude mais adequada para colocar-nos diante do mistério. E penso que a atitude mais acertada seja mesmo aquela do silêncio da mente e do coração em que a pessoa, consciente do seu nada se abre ao tudo e deixa que Ele, pelo seu Espírito nos ilumine e nos fale. Silêncio interior e abertura Talvez seja necessário, num primeiro momento, estarmos prontos a perder toda nossa compreensão recolhida até hoje sobre este mistério. Deus é sempre novo e, para poder colher sua constante e absoluta no- vidade, devemos estar preparados para nos deixar surpreender. Em outras palavras, não podemos conter o mistério de Deus, mas em sua grandeza é Ele que nos contém, como, mais propriamente, não somos nós que recebemos a Eucaristia, mas é Jesus que nos acolhe em si. Chiara Lubich afirma em suas meditações, que estava na lógica do amor que o Verbo de Deus, depois de sua encarnação, morte e ressurreição, retornasse ao seio da Trindade, mas o fato é que Ele não quis retor- nar sozinho, mas tendo-se unido a seus irmãos quer retornar ao Pai juntamente com eles. Podemos dizer que para introduzir-nos na presença do Pai, Jesus, pela Eucaristia, nos faz iguais a si. Esse é o grande efeito da Eucaristia: fazer-nos entrar na vida de Deus e não apenas aumentar a nossa amizade com Deus ou tornar-nos melhores. Romper toda barreira Impressionou-me no tema de Emmaus, sobre a Eucaristia como mistério de comunhão, que trans- crevemos abaixo, a afirmação de que “Derrubar as barreiras entre nós e os nossos próximos é a primeira premissa para penetrar na vida divina à qual somos chamados”. Esta afirmação deve levar-nos naturalmente a questionar-nos sobre as atitudes com as quais recebemos a Eucaristia, pois, sendo esse alimento de origem divina, como numa semente já contém em sim todo o “programa” de seu desenvolvimento. Portanto, da mesma forma que ao agricultor cabe somente preparar a terra, retirando o mato e dei- xando-a arada, irriga-la, na medida do possível e estando atendo ao possível ataque das pragas, bendizendo a Deus pela luz e calor do sol que faz a semente romper a terra e começar seu pleno desenvolvimento, assim somos convidados a estarmos muito atentos para entender que tipo de terreno desejamos ser para acolher essa semente divina que é a Eucaristia, que é mistério de comunhão. Permanecer na videira Sendo mistério de comunhão a Eucaristia, recebida com as devidas condições, nos faz um com Jesus e entre nós, uma vez que entramos em comunhão com a carne viva e vivificante do Ressuscitado. Os primeiros cristãos eram um só coração e uma só alma e realizavam a comunhão dos bens materiais e espirituais. E nós, que por graça fomos iluminados pelo ideal da unidade, que frutos devemos produzir? 2 Perspectivas de Comunhão Eucaristia, mistério de comunhão Emmaus Este tema foi apresentado por ocasião da Assembleia geral da Obra de Maria em Castel Gandolfo, no dia 4 de setembro de 2014. Como sabem, trataremos hoje do tema do ano. É a primeira vez que o fazemos. Apresentei-o antes aos bispos, em Trento, durante o verão, mas é a primeira vez que fazemos oficialmente este tema sobre a Eucaristia. Teremos o ano inteiro para apro- fundá-lo. Já está pronta a coleção com os temas para a formação, com os CDs. Foi feito um livro sobre a Eucaristia com escritos conhecidos e também iné- ditos de Chiara, organizado por padre Fábio. Pode- remos nos nutrir com este alimento durante o ano inteiro. Agora cabe a mim dizer-lhes algo sobre este mistério de comunhão. Intitulei este tema: “Eucaris- tia, mistério de comunhão”, porque realmente é um mistério. Não foi fácil prepará-lo e explico o motivo. Vocês sabem que temos focolarinos e focolarinas de várias Igrejas e pensava neles; não só neles mas em todas as pessoas de várias Igrejas, de várias religiões, de convicções não religiosas, que fazem parte da Obra e que, como dizem os Estatutos, vivem todos os pontos da espiritualidade. Como falar da Eucaristia E pensei: “Como falar sobre a Eucaristia de modo que possa abranger todas estas realidades da Obra?” Nos anos anteriores, quando preparava os te- mas, pedia aos focolarinos anglicanos, reformados, para me enviarem material, e também desta vez me enviaram estudos muito significativos sobre a Euca- ristia que expressam o desejo ecumênico em relação a este mistério de comunhão. À medida que lia, pensa- va: “Sim, mas estes são estudos sobre a Eucaristia”. E dizia: “Não cabe a mim fazer um estudo sobre a Eu- caristia, não é esta a minha função. A minha função é outra; mas o que devo fazer? O que devo dizer?”. Sentia-me um pouco aflita em relação a isso, porque pensava: não posso dizer algo e alguém se sentir ex- cluído, porque todos somos a família de Chiara, vi- vemos da mesma realidade. Como posso fazer isso? E senti dentro de mim que não devia fazer um estudo nem mesmo do ponto de vista católico, porque não devo fazer um estudo. Qual é então a minha função? E senti que a minha função - na medida do possível - é fazer com que Chiara nos transmita a sua experiência da Eucaristia e com a Eucaristia. E, na- turalmente, é a experiência de uma pessoa católica, porque Chiara era católica, viveu na Igreja católica, e nós devemos acolher assim esta sua experiência. Mas todas estas pessoas que aderiram ao carisma co- nheceram Chiara assim como ela era. E todas essas pessoas, católicas e não, que aderiram ao carisma de- vem receber as mesmas graças. E me perguntei: mas como podem receber essas mesmas graças? Não com a mesma compreensão do mistério, sem dúvida, por- que existem compreensões diferentes deste mistério, mas pela participação deste mistério. É uma partici- pação que acontece “em virtude da graça”, da adesão a Chiara e ao seu carisma. E me parecia que Chiara nos mostrasse isso, ilustrando-nos, iluminando-nos aquele “algo a mais” que, como membros da Obra, como filhos de um carisma, do carisma da unidade, podemos captar deste mistério da Eucaristia. O corpo de Cristo Outra coisa que me ajudou a não ter dúvidas sobre isto foi uma experiência que li de Piero Pasoli- ni, na qual ele narra que, para ele, Jesus fala “Este é o meu corpo” continuamente, não apenas no momen- to em que o sacerdote, no altar, diz, “Este é o meu corpo”. Para ele, Jesus diz continuamente, “Este é o meu corpo”, e o faz “continuamente” dirigindo-se a cada um de nós, a todos nós, de maneira muito espe- cial quando estamos unidos pelo amor mútuo, por- Eucaristia, mistério de comunhão 3 que onde vê dois ou mais unidos no seu nome pelo amor mútuo, ele diz “Este é o meu corpo”; Jesus nos torna o seu corpo, nos faz ser Igreja. O que é a Igreja? Este mistério de membros do corpo de Cristo que se tornam Jesus por meio dele. Portanto, não somos nós que fazemos a Eucaristia, é a Eucaristia que nos faz, isto é, é Jesus que nos “torna eucaristia”, de um certo modo, sempre. Neste sentido Jesus pode dizer isso de todos nós quando estamos unidos pelo amor mútuo, não só a nós presentes nesta sala, mas a toda a Obra de Maria quando ela testemunha o amor recíproco. Foi com esta coragem que preparei este tema. Quanta presunção Fiz esta introdução para dizer-lhes que nem sempre tudo é fácil. Lembrei-me, e revi a introdução que Chiara fez em 1977 aos célebres temas sobre a Eucaristia, que ela, diante de um assunto tão sublime como a Eucaristia, dirigiu-se diretamente a Jesus com a se- guinte oração: Jesus Eucaristia, quanta presunção, quanta audácia falar de Ti que, nas igrejas do mundo intei- ro, conheces as secretas confidencias, os problemas mais recônditos, os suspiros de milhões de homens, as lágrimas felizes de profundas conversões, tudo co- nhecido somente por Ti, coração dos corações, cora- ção da Igreja! Não ousaríamos falar de Ti (...), se justamen- te o nosso amor, que quer vencer todo temor, não desejasse ir um pouco além do véu da branca hóstia, do vinho do cálice dourado. Perdoa a nossa ousadia!1 Se Chiara iniciou assim este discurso, como posso ter a ousadia de falar de Jesus Eucaristia a não ser assumindo a sua mesma atitude? Ela teve cora- gem, pensando que o amor deseja conhecer melhor para poder amar ainda mais. A fim de que - continua- va - não terminemos a nossa caminhada nesta terra sem ter descoberto, ao menos um pouco, quem és Tu2. A Eucaristia e a unidade E isto eu gostaria que acontecesse comigo, com todos nós, com todos os membros da Obra es- 1 C. Lubich, Escritos espirituais/4. Deus entre os homens, São Paulo, 1983, pág. 11. 2 Ibid. Cf. Id, Respostas às perguntas (aos focolarinos externos, Rocca di Papa, 30 de dezembro de 1976). palhados pelo mundo: descobrir, ao menos um pou- co mais, quem ele é. Sinto que devemos falar da Eucaristia porque somos cristãos, porque vivemos na Igreja e queremos levar ou reavivar o Ideal da unidade. Nenhum mis- tério da fé tem tanta relação com a unidade quanto a Eucaristia. É este sacramento - diz Chiara - que mostra a unidade e revela o seu conteúdo. Por meio dele se completa a consumação da unidade dos homens com Deus e dos homens entre si, da unidade de todo o cosmo com o seu Criador3. Porém, - como eu disse - não queremos tanto evidenciar o sacramento enquanto tal, mas princi- palmente os efeitos que ele produz, particularmente aquele “algo a mais” da nossa espiritualidade, ou seja, a Eucaristia vista e vivida na perspectiva da unidade. A Eucaristia foi instituída por Jesus no mes- mo dia em que Ele nos doou o amor mútuo como mandamento e não pode prescindir deste amor; mas produz o seu efeito quando vivemos o amor mútuo: nos torna um4, Cristo; nos doa “aquela graça” que de- vemos esperar justamente quando vivemos o man- damento novo, até experimentarmos a presença de Jesus entre nós, a graça da unidade. Nesta dinâmica existe, sem dúvida, uma parte ascética, que é a nossa parte, o amor mútuo; mas existe também uma parte mística que vem de Deus e a Eucaristia realiza exa- tamente isso. A Eucaristia é “sacramento de unidade” por- que a sua finalidade é a de fazer crescer a unidade com Deus e entre nós, serve para nutrir a presença de Jesus em nosso meio. Mas é “sacramento de uni- dade” em primeiro lugar porque produz algo extra- ordinário em cada um de nós: a nossa transformação pessoal em Jesus. Na Eucaristia, é o próprio Jesus que vem em nós e nos transforma em si. A finalidade da Eucaristia A Eucaristia tem como finalidade tornar-nos Deus (por participação). Escreve Chiara claramente. Misturando as nossas as carnes vivificadas pelo Espí- rito Santo e vivificantes do Cristo, ela nos diviniza na alma e no corpo. Portanto, torna-nos Deus5. 3 Ibid. 4 id, Respostas às perguntas (à Mariapolis permanente de Loppiano, 18 de abril de 2000). 5 id, Ideal e Luz, São Paulo 2003, p. 175. 4 Perspectivas de Comunhão Mas que lugar teve e tem ainda hoje a Euca- ristia na vida do Movimento? Teve sempre um valor privilegiado muito importante. Vamos considerar também desta vez a vida de Chiara, o que foi a Euca- ristia para ela. Uma vez, falando com um focolarino, com Fons, que agora está no Paraíso, ela disse: Sabe o que é o Movimento? Em relação a mim, considerando o que eu fiz? É uma questão en- tre mim e Jesus Eucaristia6. Sabemos da sua história que, ainda muito pe- quena, ia fazer adoração a Jesus Eucaristia. As irmãs de Maria Menina a levavam e Chiara lhe dizia: Tu, que criaste o sol, que dá luz e calor, faze entrar, atra- vés dos meus olhos, na minha alma a tua luz e o teu calor; coloca dentro de mim toda a tua luz7. Repetia isso várias vezes, de joelhos, diante de Jesus Eucaristia, até ver a Hóstia ficar preta e todo o resto branco, como acontece quando fixamos in- tensamente alguma coisa. O estudo da filosofia Quando era já adulta nós a vemos na Cate- dral de Trento, onde, num ângulo iluminado por uma fresta, ia estudar filosofia diante de Jesus Euca- ristia, porque queria que Ele a iluminasse para con- seguir entender a verdade. Todos nos lembramos que Chiara, preparan- do-se para a sua consagração a Deus, no dia 7 de dezembro, diante do sacerdote que, fazendo o papel de advogado do diabo, lhe dizia: “pensa bem, os seus irmãos e irmãs vão se casar e você vai ficar sozinha!”, ela, convicta, afirmou: “Enquanto houver um sacrá- rio na terra com Jesus Eucaristia eu nunca ficarei so- zinha!”. Sabemos que, no início do Movimento, quando reunia, todos os sábados, na sala Massaia, em Trento, aquelas pessoas, que depois se tornaram as primeiras focolarinas, Chiara se preparava dian- te de Jesus Eucaristia repetindo-lhe com insistência: “TU és Tudo, eu sou nada: Tu és Tudo, eu sou nada”. Companheiro de viagem Jesus Eucaristia também acompanhou as pri- meiras focolarinas nas viagens que faziam por toda 6 Id, Respostas às perguntas (aos focolarinos externos Rocca di Papa, 30 de dezembro de 1976). 7 Cf. Ibid. Cf. também A. Torno, Levar a Ti o mundo em meus braços, São Paulo, 2011, pág. 11. a Itália para levar o Ideal. Viajando de trem de uma cidade para outra e, olhando as igrejas espalhadas pelo território, identificadas pelas torres que viam da janela do trem, tinham a impressão de que Ele, Jesus Eucaristia, presente em todas as igrejas, unisse toda a Itália, acompanhasse as suas viagens. Chiara dizia: Era o nosso “cavalheiro”, que nos acompanhava8. Em Jesus Eucaristia - escutamos nestes dias - teve origem o Pacto de unidade com Foco que abriu o Paraíso a Chiara. Jesus Eucaristia sustentou Chiara nas provações, nos momentos mais difíceis do Mo- vimento. Quando ninguém lhe concedia uma audi- ência, porque o Movimento devia ser estudado, Ele - Jesus Eucaristia - estava sempre ali, todas as horas, esperando por ela, e lhe dizia: afinal de contas, o Che- fe da Igreja sou eu9. E Ele lhe dava tranquilidade. Audiência com o Onipotente Chiara falava: O momento mais importante do dia, sem comparação, é quando Tu vens ao nosso coração. É a audiência com o Onipotente10. Quando ninguém lhe concedia uma audiência. Entre as muitas lembranças, recordamos ain- da a profunda experiência feita por Chiara durante uma viagem à Terra Santa. Ela foi para lá não tanto para fazer uma peregrinação, mas um ato de amor. Naquela ocasião, Chiara ficou particularmente im- pressionada com o ambiente geográfico que foi como o pano de fundo da vida terrena de Jesus e que ainda trazia, digamos, as marcas de tantos momentos de sua vida. Absorvida pela presença quase que física de Jesus e quase que esquecendo a existência do Mo- vimento, permaneceu, de certa forma, em adoração àquela terra, olhando aquele céu estrelado, as casas, as construções, as pedras, as ruas por onde Jesus ca- minhou, como se a sua vida estivesse toda concentra- da ali. Mas, de repente, um pensamento passou pela sua alma: existe algo que vale mais do que as pedras da Terra Santa. É Jesus vivo, Jesus Eucaristia vivo que encontrava também na Itália, em Roma onde morava, em todos os pontos da terra onde existe um Sacrário. É por Ele que pode voltar para casa. 8 Cf. Id, Respostas às perguntas (aos focolarinos externos, Rocca di Papa, 30 de dezembro de 1976). Cf. id, Escritos Espirituais/4. Deus entre os homens, São Paulo, 9 pág. 51. 10 Cf. ID, Fermenti di unità, Roma 1977, p. 111. Eucaristia, mistério de comunhão 5 A presença de Jesus Esta experiência se repete hoje para todos nós. Em qualquer igreja pequena, também nas mais distantes, está presente o mesmo Jesus Eucaristia que vive nas grandes catedrais. É o mesmo Jesus. Os países do mundo podem ser outros, as raças podem ser diferentes, as culturas desconhecidas, as religiões variadas, as línguas estranhas, e nem mesmo enten- demos uma celebração por desconhecermos a língua, situações que nos fazem sentir distantes da nossa pá- tria, mas Jesus é o mesmo, está ali e é sempre o mes- mo. Chiara escreveu numa meditação: Não, a terra não ficou fria: Tu ficaste conos- co! O que seria do nosso viver se os sacrários não te contivessem? (...) Senhor, nós te adoramos em todos os sacrários do mundo. Oh! Eles estão conosco, para nós. Não estão distantes como as estrelas do céu, que também nos deste. Em todo lugar podemos encon- trar-te: Rei das estrelas e de toda a Criação! Obri- gado, Senhor, por este dom incomensurável. O Céu transbordou sobre a terra. O firmamento estrelado é pequeno. A terra é grande, porque está pontilhada, por toda parte, pela Eucaristia: Deus conosco, Deus entre nós, Deus para nós11. Qual semente divina Jesus, portanto, preenche o mundo inteiro com a sua presença. No fundo, Chiara já havia intuído isso mis- ticamente em 1949, quando escreveu numa página do Paraíso: - Jesus não permaneceu na terra, porque queria ficar em todos os pontos da Terra, na Eucaristia. Era Deus e, qual Semente divina frutificou, multipli- cando-Se12. Nas lutas e nos sofrimentos de todo tipo foi Ele que deu forças a Chiara, a ponto de levá-la a dizer que teria morrido se Jesus Eucaristia e Jesus no meio, que Ele nutria, não a tivessem sustentado. Desse re- lacionamento íntimo de Chiara com Jesus Eucaristia nasceram algumas das suas mais lindas páginas de meditação, que se tornaram patrimônio da Igreja in- teira, como por exemplo: 11 Ideal e Luz, São Paulo 2003, pág. 180. 12 Cf. id, P 1949, 839. Se sofres e teu sofrer é tanto que te impede qual- quer atividade, lembra-te da missa. Na missa Jesus sacrifica-se Na missa, Jesus, hoje como outrora, não tra- balha, não prega: Jesus sacrifica-se por amor. Na vida, podem-se fazer tantas coisas, dizer tantas palavras, mas a voz da dor, talvez surda e des- conhecida aos outros, da dor oferecida por amor, é a palavra mais forte, aquela que toca o Céu. Se sofres, imerge a tua dor na sua: dize a tua missa! E, se o mundo não compreende, não te per- turbes; basta que te entendam Jesus, Maria, os san- tos. Vive com eles e deixa correr o teu sangue em benefício da humanidade, como Ele! A missa! Grande demais para ser entendida! Quero-te bem A sua, a nossa missa13. E outra meditação, que brotou como um agradecimento pela Comunhão, depois da participa- ção à Missa, com Eli, em Santa Maria dos Anjos, em Roma, Chiara escreveu: Quero-te bem, não porque aprendi a falar-te assim, não porque o coração me sugere essa palavra, não tanto porque a fé me faz crer que és amor, tam- pouco somente porque morreste por mim. Quero-te bem porque entraste em minha vida mais do que o ar em meus pulmões, mais do que o sangue em minhas veias. Entraste onde ninguém podia entrar, quando ninguém me podia ajudar, toda vez que ninguém me podia consolar. Todo dia te falei. Toda hora te olhei e, em teu semblante, li a resposta, em tuas palavras, a explica- ção, em teu amor, a solução. Quero-te bem porque por tantos anos viveste comigo e eu vivi de ti. Bebi em tua lei e não me apercebera. Dela me nutri, me fortaleci...14 continua a me- ditação; mas releiam-na depois. Na verdade, poderíamos, de certa forma, di- zer que Jesus Eucaristia é o motor escondido de toda a vida de Chiara e de todos aqueles que desejam se- guir o seu carisma, o carisma da unidade. Além dis- 13 ID, Ideal e Luz, cit., pág. 177. 14 Ibid., p. 200-201. 6 Perspectivas de Comunhão so, é sintomático que Jesus, dirigindo-se ao Pai, peça a unidade entre os seus, e entre aqueles que virão, depois de ter instituído a Eucaristia. Chiara escreveu: A unidade atinge a sua plenitude mediante a Eucaristia. A unidade só pode ser vivida plenamente mediante a Eucaristia, que, pelo amor, nos faz não ape- nas um, mas concorpóreos e consanguíneos com Cristo e entre nós15. A Eucaristia e o ideal da unidade Sem dúvida, existe um maravilhoso entrela- çamento entre Eucaristia e Ideal da unidade. O fato de que Deus, para dar início a um Movimento tão vasto, tenha concentrado Chiara e as suas primeiras companheiras exatamente na ora- ção de Jesus ao Pai - “Que todos sejam um...” (cf. Jo 17,21) -, também as impulsionou com força para Aquele que era o único capaz de atuar esta oração: Jesus Eucaristia. Tanto é verdade que se narra - com uma imagem muito plástica - que assim como as crianças recém-nascidas nutrem-se no seio materno instintivamente, sem saber o que fazem, também no Movimento, notamos desde o início um fenômeno: quem conhecia o carisma da unidade, através de uma Mariápolis ou de um encontro com um focola- rino ou focolarina, começava a receber a Comunhão todos os dias. Como se explica isso?”, se pergunta Chiara, e escreve: “Aquilo que é o instinto para a criança recém- -nascida, é o Espírito Santo para o adulto, recém-nas- cido para a nova vida que o Evangelho da unidade traz. Ele é impulsionado ao ‘coração’ da Mãe Igreja e se alimenta do néctar mais precioso que ela contém16. A Eucaristia diviniza o homem, o torna Deus, por participação, se entende! Ao mesmo tempo, a Eucaristia não produz este efeito apenas em cada cristão, mas em muitos reunidos para celebrar este mistério. Esses cristãos, sendo todos Deus, não são mais muitos, mas são um. São (...) todos juntos em Deus. São uno com Ele, perdidos Nele. 15 ID, Um novo caminho, São Paulo 2004, pág. 56. 16 Cf. ID. Escritos Espirituais/4. Deus entre os homens, cit., pág. 53-54; Cf. ID, Um novo caminho, cit., p. 56. A Igreja Esta realidade que a Eucaristia opera é a Igre- ja. A comunidade cristã primitiva já testemu- nhava essa realidade. Os Atos dos Apóstolos nar- ram que “a multidão dos que tinham abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma” (At 4,32). É uma comunidade que, reunida ao redor da mesa eu- carística, ao redor do ágape, experimenta os efeitos da ação unificadora do Espírito Santo: os primeiros cristãos partilham os próprios bens colocando-os em comum, desapegam-se de todos os bens materiais por amor dos irmãos; encontram soluções justas para as suas diferenças, como demonstra, por exemplo, a resolução da disputa entre Helenistas e Hebreus so- bre a distribuição diária (cf. At 6,1-6); o amor de- les supera o recinto dos amigos que creem; não se consideram beneficiados exclusivos e privilegiados do favor divino, mas se tornam mensageiros, levam “para fora” a boa nova do Evangelho até os confins da terra. E, desta forma, a mensagem confiada aos apóstolos por intermédio de Jesus Ressuscitado se es- palhou por todo o Oriente Médio e, dali, ao mundo inteiro. O seu testemunho foi tão grande que logo comentaram: “Vejam como estes cristãos se amam e como estão prontos a morrer uns pelos outros”; como sabemos, é um dos efeitos da Eucaristia. O mesmo Espírito Santo, que desceu sobre os Apóstolos no Cenáculo em Jerusalém, continua atu- ando agora - nós o sabemos - em cada celebração da Missa. E age com uma dupla finalidade: “Santificar os dons do pão e do vinho para que se tornem o cor- po e o sangue de Cristo, e preencher, aqueles que se nutriram desses santos dons, a fim de que se tornem um único corpo e um só espírito em Cristo”. Um só corpo É o que pedimos na oração eucarística que se reza na Missa: «Pela comunhão com o corpo e o sangue de Cristo o Espírito Santo nos una num só corpo». «Esta passagem - lemos na Exortação apostólica Sacramentum Caritatis - ajuda a compre- ender como a res, isto é, a substância do sacramen- to eucarístico seja a unidade dos fiéis na comunhão eclesial. Assim, a Eucaristia aparece na raiz da Igreja como mistério de comunhão”: comunhão com Deus, comunhão com os irmãos. Igreja, mistério de comunhão 7 Todos conhecem a sugestiva imagem com a qual Santo Agostinho expressava esta realidade: a imagem dos grãos que, uma vez esmagados, são mis- turados à massa e cozidos. Ele diz; este processo, que une e transforma os grãos isolados num único pão, evidencia bem “a ação unificadora do Espírito Santo nos membros da Igreja, que se realiza de modo emi- nente na celebração da Eucaristia”17. Chiara escreve: “(...) como verdadeiro “sacramento de unida- de” [a Eucaristia] produz também a unidade entre os homens. E é lógico: se duas pessoas são semelhantes a uma terceira - a Cristo - são semelhantes entre si. A Eucaristia produz a comunhão entre os irmãos. Isto é esplêndido e, se fosse levado a sério pela humani- dade, se verificariam consequências paradisíacas, ini- magináveis. (...) Porque, se a Eucaristia faz de nós um único corpo, é lógico que cada um tratará os outros como irmãos. A Eucaristia realiza a família dos fi- lhos de Deus, irmãos de Jesus e irmãos entre si. Na própria família natural existem regras que, colocadas num plano sobrenatural e aplicadas em vasta escala, transformariam o mundo. Na família, tudo é de to- dos: a vida, a casa, os móveis... A boa família tem a sua intimidade: os membros conhecem as situações uns dos outros, porque existe a comunicação recípro- ca. Os membros de uma família levam ao mundo o calor do lar, e, quando íntegros, se provenientes de uma família sadia, podem ser úteis à sociedade. Uma família é feliz quando se reúne ao redor da mesa ou canta ou reza unida. Se a família é uma das mais belas invenções do Criador, o que será a família dos filhos de Deus?18 A família dos filhos de Deus E para fazer da humanidade esta família dos filhos de Deus, eis um compromisso preciso para cada um de nós: sair do mundo fechado do nosso individualismo para ir ao encontro do outro. “Não devo mais pensar a partir de ‘mim mes- mo’ mas a partir do ‘nós’ - exorta o Papa emérito Bento XVI. É por isso que todos os dias nós pedimos ao ‘nosso’ Pai o pão ‘nosso’ de cada dia. Derrubar as 17 Cf. Agostino, Sermone 272, cit. in Bento XVI, Dall’Eucaristia il “noi” che abbatte le barriere e apre all’amore, in “L’Osservatore Romano” (7-8.6.2010). 18 C. lubich, Escritos espirituais/4. Deus entre os homens, cit., p. 40-41. barreiras entre nós e os nossos próximos é a primeira premissa para penetrar na vida divina à qual somos chamados”. Também o Papa Francisco é do mesmo pa- recer. Numa recente audiência geral, centralizada na Eucaristia, dirigiu um desafio à Igreja inteira com estas perguntas: “(...) quando participamos da San- ta Missa encontramo-nos com homens e mulheres de todos os tipos: jovens, idosos e crianças; pobres e ricos: pessoas naturais do lugar e estrangeiros: acom- panhados pelos familiares e sós... Mas a Eucaristia que eu celebro, leva-me a senti-los todos verdadei- ramente como irmãos e irmãs? Faz crescer em mim a capacidade de me alegrar com quem se alegra, de chorar com quem chora? Impulsiona-me a ir ao en- contro dos pobres, dos enfermos e dos marginaliza- dos? Ajuda-me a reconhecer neles o rosto de Jesus? Todos nós vamos à Missa porque amamos Jesus e, na Eucaristia, queremos compartilhar a sua paixão e ressurreição. Mas amamos, como deseja Jesus, os irmãos e irmãs mais necessitados?”. Jesus faz-se pão O amor é isto: “fazer-se um”, de maneira que os outros se sintam nutridos pelo nosso amor, con- fortados, aliviados, compreendidos. Instituindo a Eucaristia, Jesus exemplificou, de modo admirável, a sua maneira de agir. Nela - diz Chiara - Ele torna-se pão para entrar em todos, torna-se alimento, para se fazer um com todos, para servir, para amar a todos19. Mas, o que fazer quando o amor ao irmão en- fraquece? Nós o sabemos: a Eucaristia, como verda- deiro sacramento de unidade, requer imediatamente a reconciliação com o irmão todas as vezes que esta unidade se rompe, diz o Evangelho. Uma frase, evi- denciada de modo especial por Chiara desde o início do Ideal, para que fosse vivida por todos os membros do Movimento, é justamente aquela tirada do “Ser- mão da montanha”, de Mateus: “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar- -te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23). De fato, Chiara tinha a profunda convicção de que o culto divino e o amor dos irmãos, que com- 19 Cf. C. lubich, L’Eucaristia fa la Chiesa, in “Gen’s” 5 (1983), p. 8. 8 Perspectivas de Comunhão põe e recompõe a unidade entre eles, não podem ab- solutamente ser separados20. A plenitude de seu amor Na Eucaristia experimentamos (e são pala- vras de Chiara) que Jesus está ali, com todo o seu amor, todo inteiro para todos, plenamente para cada homem da terra. Com ele aprendemos que todos os homens são realmente iguais, todos filhos de Deus, todos possíveis seguidores seus, todos candidatos ao seu Corpo místico. Ele não faz distinção de pessoa, não faz discriminações... e, somente com a sua exis- tência, nos diz até onde o nosso amor deve chegar, abrindo-nos à fraternidade universal21. Por isso, quando celebramos a Eucaristia juntos, não só geramos a comunidade porque o Res- suscitado está entre nós, mas é justamente dali que vamos ao encontro do mundo. Como sabemos, isso acontece desde os primeiros dias do Ideal. Depois de se reunirem para a Missa, iam aos mais variados lu- gares, das estrebarias às escolas, aos escritórios para levar a mensagem do Evangelho, narrando juntos a experiência da nova vida Ideal, tendo no coração o ‘que todos sejam um’. Queríamos conquistar a humani- dade - escreve Chiara sabendo que, para a sua salvação era necessário, como fez Jesus, antes testemunhar com a vida e depois com a palavra22. O que também impressiona, daqueles tem- pos, é o momento do agradecimento após a Comu- nhão. Escreve Chiara: Rezávamos sempre a última oração de Jesus, a oração da unidade (que rezamos hoje de manhã). Era o nosso modo de rezar. Esperávamos que Jesus, depois da Comunhão, estivesse dentro de nós. E, como nos tinham dito que não somos nós que rece- bemos Jesus mas que é Ele que nos recebe, sentíamos que éramos outro Cristo e dizíamos que queríamos emprestar a nossa voz para que Ele pudesse repetir a sua última oração, a oração da unidade. Era uma súplica a f i m de que a unidade pudesse se realizar, e esta já é uma realidade em ato23. 20 Cf. ID, Escritos Espirituais/2. O essencial de hoje, São Paulo, pág. 70. Cf. também C. Lubich, Costruendo il “castello esteriore”, Roma 2002, p. 9-10. O momento central de nosso dia Este ardente empenho, testemunhado de ma- neira tão intensa pela primeira geração do nosso Mo- vimento, deve animar sempre mais, também hoje, os nossos congressos, os encontros de formação, as Mariápolis. E, neste sentido, podemos nos perguntar se a Missa ainda é vivida como momento central do nosso dia a ponto de nos fazer experimentar, indivi- dualmente e juntos, toda a força da Eucaristia como sacramento de unidade. Também hoje, no final de cada celebração, deveríamos ser envolvidos por aquele clima de alegria que nos impulsiona a voltar, cada um ao próprio am- biente, para testemunhar esta unidade com o Res- suscitado: nas famílias, nas casas, nos ambientes de trabalho, por toda parte, com o desejo de evangelizar que inflama os corações, com a certeza de que, deste modo, se torna realidade, segundo a Sua promessa, a presença do Ressuscitado entre os homens24. Eucaristia e ressurreição Existe ainda outro efeito fundamental da Eucaristia, em quem a recebe com as devidas dis- posições, evidenciado por Chiara de maneira muito específica e que não pode ser esquecido: a Eucaristia é causa da ressurreição da carne, nos abre comple- tamente a vida eterna. No Evangelho de São João lemos: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no últi- mo dia” (Jo 6,54). São palavras de Jesus. Na Eucaristia recebemos, portanto, também a garantia da ressurreição corpórea no fim do mun- do. Numa Encíclica dedicada exclusivamente à Eu- caristia, João Paulo II afirma: “Esta garantia da res- surreição futura deriva do fato de a carne do Filho do Homem, dada em alimento, ser o seu corpo no esta- do glorioso de ressuscitado. Pela Eucaristia assimila- -se, por assim dizer, o “segredo” da ressurreição”25. A transformação do cosmo E essa ressurreição também engloba o habitat do homem, o cosmo, a própria criação, que - como 24 Cf. id, Escritos espirituais/4. Deus entre os homens, cit., pág. 51. 25 João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 18: E V 2 2 , 238; cf. também N. Bux, II “segreto” della Risurrezione, in “L’Osservatore Romano”, 14 de junho de 2003, p. 4 (Riflessioni sull’Enciclica di Giovanni Paolo II “Ecclesia de Eucharistia”/4). 21 22 23 Id, L’Eucaristia fa la Chiesa, cit., p. 8. Cf. ID, Escritos Espirituais/4, Deus entre os homens, cit., pág. 52. ID, Paraíso 1949, nota 754 al cpv 972. Eucaristia, mistério de comunhão 9 escreve Paulo aos Romanos - “aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19). Jesus morto e ressuscitado é certamente a verdadeira causa da transformação do cosmo. Mas talvez - intui Chiara - Jesus espera também a con- tribuição dos homens, cristificados pela Eucaristia, para realizar a renovação do cosmo26. Se a Eucaristia é causa da ressurreição do ho- mem, não será possível então - se pergunta Chiara - que o corpo do homem, divinizado pela Eucaristia, está destinado a corromper-se debaixo da terra a f i m de contribuir para a renovação do cosmo?27 Essas intuições já estão presentes nos escritos do Paraíso de 1949, nos quais, entre outras reflexões, se lê: Os corpos humanos não podem se renovar (“ressurgir; a não ser no final, porque estão ligados à natureza. Renascerão com a natureza. Morrendo, (consumindo-se) realizam na natureza aquilo que a Eucaristia realiza no homem: a re-evangelizam, isto é, fazem com que seja nova. E teremos assim céus no- vos e terras novas, renovados por nós: reis da criação, deuses da criação, redentores da criação28. “A Eucaristia nos redime e nos faz Deus. Nós, morrendo, redimimos a natureza, tornando-a Deus. Dessa maneira a natureza é a encarnação do Verbo, 26 C. lubich, Um novo caminho, São Paulo 2004, pág. 110. 27 Ibid. 28 id, Paraíso 1949, 1379. é o prolongamento do Corpo de Jesus. Além disso, Jesus, encarnando-se, assumiu a natureza humana, que sintetiza em si a natureza inteira29. Que imensa visão! Um grande desígnio A Igreja - graças à Eucaristia - é formada por homens divinizados, feitos Deus, unidos ao Cristo que é Deus e unidos entre si. A Igreja é chamada a fa- zer uma viagem em direção ao Seio do Pai junto com toda a criação. Tudo o que saiu de Deus, volta, portanto, a Deus, pela Eucaristia. Mistério inefável, diante do qual podemos apenas estar em contem- plação, em adoração e concluirmos assim com as palavras de Chiara: Jesus, tu tens um grande desígnio sobre nós e o estás cumprindo através dos séculos: fazer- -nos uma só coisa contigo afim de que estejamos onde tu estás. Para ti, que desceste da Trindade à terra, era vontade do Pai que para lá voltasses. Não quiseste, po- rém, voltar sozinho, mas conosco. Eis, portanto, o longo trajeto: da Trindade à Trindade, passando por misté- rios de vida e de morte, de dor e de glória. Felizmente, a Eucaristia é também uma “ação de graças”. Somente com ela podemos ser-te gratos de modo conveniente30. 29 30 Este é também o nosso obrigado. id, Paraíso 1949, 1384. ID, Escritos Espirituais/4. Deus entre os homens, cit., pág. 20. 10 Perspectivas de Comunhão Fidelidade criativa Jesús Morán Reproduzimos uma entrevista do novo Copresidente da Obra de Maria, Jesús Morán concedida a Aurora Ni- cosia, que se encontra no Noticiário Mariapolis do mês de setembro-outubro de 2014. Aurora: Jesús, podes contar algo da tua história pessoal? Como conheceste o Movimento e o que mais te fascinou? Jesús Morán: «Conheci o Ideal quando tinha 16 anos. Quando acabei os estudos do liceu clássico preparava-me para entrar na faculdade de Filosofia da Universidade Autônoma de Madrid. Eram tempos de grande agitação político-social, na Espanha. O desejo de mudança era premente. A sociedade e, particular- mente, os jovens reclamavam liberdade e democracia. Se eu tinha escolhido a carreira da filosofia era porque os religiosos do liceu onde estudei, nos tinham inculcado um cristianismo empenhado na transformação social. A função do cristão intelectual «comprometido» era o que me parecia adequar-se à minha personalidade. O encontro com o Ideal, especialmente com os gen, foi encontrar a figura do que eu queria ser. O Ideal, para além de mudar a sociedade, podia mudar-me a mim próprio e era isto o que, no fundo eu mais desejava. Encontrei na liberdade de amar a resposta a todas as minhas exigências». Aurora: És espanhol, viveste muitos anos na América Latina, há algum tempo estás no Centro. Estas diferentes experiências formaram que tipo de pessoa? Jesús Morán: «Vivi na América Latina a maior parte da minha vida. Cheguei ao Chile com 23 anos e voltei do México com 50. A América Latina fez-me homem e focolarino. Lá vivi as primeiras experiências de trabalho e vi de perto a história concreta de povos milenários com os seus contrastes, as imensas riquezas culturais e os próprios dramas de identidade. Da América Latina apreendi o valor incomensurável da vida, da natureza e dos relacionamentos interpessoais. Foi uma escola de socialidade. Aquele continente deu-me o sentido do pensamento orgânico, da cultura que se torna praxe quotidiana e história, a religiosidade que toca as fibras mais íntimas do coração. Por outro lado, a experiência no Centro, deu-me uma universalidade que não conhecia. Nestes últimos seis anos vividos no coração da Obra, pude escavar mais profundamente nos abismos e caminhar com maior diligência nos cumes da experiência de unidade. Sem dúvida, foi uma experiência de intenso amadurecimento humano e espiritual». Aurora: Conta-nos uma experiência particularmente luminosa da tua vida, e uma particularmente dolorosa... Jesús Morán: «Na minha vida, como penso acontece a todos os que procuram Deus e a si mesmos Nele, há muita luz e muita escuridão. No início da minha vida de focolare um grande sofrimento foi constatar os sérios limites da nossa humanidade em viver o Ideal puro. Estava ainda no período de formação e poderei chamá-la como a crise da idealidade, que agora considero ter sido fundamental, no meu caminho espiritual. Para mim foi particularmente forte, dada a minha formação intelectual, com uma certa tendência a idealizar. De fato, podia aceitar que fossemos diferentes em tudo mas não que tivéssemos diferentes ideias sobre a unidade. Outro mo- mento doloroso foi o trabalho na «comissão 1» para o aprofundamento da vocação do focolarino e da focolarina, instituída pela Emmaus em 2011 e, portanto, a leitura de muitas cartas, das quais emergia um grito lancinante de dor, expressão de uma vida de unidade mal vivida, de verdadeiras deformações do Ideal. Esta chamá-la-ei a crise da realidade. Especialmente luminosos foram alguns momentos com Chiara nos quais estávamos só nós os dois e percebi, nas suas palavras e no seu olhar, que ela me sentia plenamente seu filho. Ou como, no fim de um Entrevista 11 encontro que tivemos com ela para a zona do Chile, me procurou e me disse no corredor: “Vai para a frente assim”». Vivi daquela frase durante anos. Ou quando, olhando-me nos olhos, como só ela sabia fazer, me disse: “Sim, penso que podes ser sacerdote”». Aurora: Passaram pouco mais de dois meses da tua eleição a Copresidente. O que estás a viver? Jesús Morán: «Uma experiência de Deus fortíssima e ao mesmo tempo muito simples. É uma corrida contínua, que espero que acabe em breve, logo que me possa organizar melhor. No entanto, nunca como neste período, me senti tão profundamente amado por tantas pessoas. Por isto estou infinitamente agradecido a Deus». Aurora: Sob o teu ponto de vista, como vês a Obra hoje? Aconteceu algo de novo com a Assembleia? Jesús Morán: «A Obra vive um momento crucial para o seu futuro. Trata-se de verificar quanto esta primeira geração, tenha percebido realmente o dom carismático que Deus fez à Igreja e à humanidade, com a pessoa de Chiara. Disto depende o fato de que a encarnação do carisma esteja ao mesmo nível. É um momento de forte e nova autoconsciência que deve trazer, como fruto, uma radicalidade de vida como a dos primeiros tempos, mesmo se diferente. É o momento de deixar atrás das costas todas as incrustações, a nível de vida e de pensamento, que possam impedir o livre jogo da vida de unidade, com todas as suas enormes potencialidades. É preciso libertar a vida de unidade, o seu dinamismo. Como eu disse no final da Assembleia, é o momento da «fidelidade criativa». Quanto mais fieis, mais criativos, e vice-versa, quanto mais criativos mais fiéis. Obviamente isto significa atualização do carisma em todas as frentes, renovação da linguagem, novo ímpeto apostólico, dila- tação da capacidade de diálogo. Quer dizer também recuperar a sensação de mistério na experiência de unidade, isto é, ser mais conscientes da marca trinitária da nossa vida, a 360 graus. Parece-me que a Assembleia, com o seu documento pragmático e com o toque final da mensagem do Papa Francisco, se tenha orientado neste sentido». Aurora: Não é raro apercebermo-nos, na Obra, de uma certa contraposição entre a vida e o pensamento, formação espiritual e formação cultural. Como viver estas dimensões? Jesús Morán: «Em Chiara nunca houve contraposição entre vida e pensamento. De fato Chiara achou que deveria ir buscar os livros deixados no sótão, logo a seguir a uma experiência mística como a de 1949. Para mim isto foi sempre muito significativo. Chiara é aquela pessoa com uma “devoção segundo o pensamento de Jesus”, é a fundadora da Escola Abba e da Universidade Sophia. Chiara, como todos os grandes fundadores, tinha a plena consciência de que um carisma que não se faz cultura não tem futuro. A cultura é sempre vida, o importante é que não se torne “bizantinismo”, no sentido usado pelo Papa Francisco e, por conseguinte, sem qualquer referência à tradição oriental que, pelo contrário, é muito rica de sínteses entre pensamento e vida». Aurora: Tens um teu «programa» para os próximos seis anos? Jesús Morán: «Nenhum programa meu. Tenho o programa que nos ditará Jesus no meio, com toda a Obra. Um cristão não pode ter outro programa senão o do Espírito Santo nele e em todos aqueles com quem faz a «santa viagem» da vida». Aurora: O que pedes a Deus para ti e para a Obra, neste período? Jesús Morán: «Para mim peço sobretudo docilidade ao Espírito e a capacidade de ser, como diz Chiara num seu diário, um homem «eucarístico», isto é, uma pessoa que se faz alimento espiritual para os outros. Uma graça que peço todos os dias é o discernimento. Para a Obra peço a mesma docilidade ao Espí- rito, sem medo». 12 Perspectivas de Comunhão «Deus não tem medo das novidades» Assembleia dos sacerdotes e diáconos focolarinos A. Bacelar e H. Blaumeiser As palavras do Papa Francisco pronunciadas no dia 19 de outubro de 2014, por ocasião da beatificação de Paulo VI expressam muito bem o que se viveu na Assembleia dos padres e diáconos focolarinos em Castel Gan- dolfo de 13 a 17 de outubro deste ano. “Deus «não tem medo das novidades! Por isso, surpreende-nos continuamente, abrindo-nos e conduzin- do-nos por caminhos impensáveis. [...] Um cristão que vive o Evangelho é “a novidade de Deus”, na Igreja e no Mundo. E Deus ama muito esta “novidade”!”. A Assembleia da Obra de Maria, concluída duas semanas antes, levava a intuir que também entre nós – 90 de 30 nações, representando cerca 800 sacerdotes e diáconos focolarinos – iria soprar fortemente o Espírito. Parece-nos que a maior «novidade» foi a qualidade dos relacionamentos. Por uma graça especial, do pri- meiro ao último momento, experimentamos uma grande unidade em que as diferenças de cultura, experiên- cia, idade, convenções e sensibilidades, se tornavam uma oferta recíproca, expressão variada, trinitária, de Jesus entre nós. Neste clima, a gratidão pelo caminho percorrido até aqui e a abertura a novas perspectivas eram uma coisa só. Viver juntos, como «popos» numa atmosfera de «casa», alegre e leve, e trabalhar seriamente para descobrir o que Deus quer de nós, na Igreja e para o mundo de hoje, eram duas faces de uma mesma realidade. Novidade e surpresa «Novidade» e «surpresa» foi também para muitos a terna de candidatos que a Emmaus e Jesús nos apresentaram para a eleição do responsável central. De fato, eram poucos os que tinham consciência que Pe. Hubertus Blaumeiser, no cargo há sete anos, segundo os Estatutos da Obra, não podia ser apresentado para uma terceira eleição. Fez-se uma primeira escolha de três sacerdotes focolarinos de proveniência geográfica e idade diferentes, que – diversamente do que acontece muitas vezes nos cenários políticos – juntaram-se e disseram à Emmaus: «Somos três, mas somos um». E ela: «Somos quatro, mas somos um!». Foi novo o método com que – depois de um dia de retiro e de notícias sobre a Assembleia geral, e de- pois do relatório sobre a vida do ramo, nos seis anos decorridos – nos reunimos em grupos para trabalhar sobre 10 temáticas. Os assuntos a tratar resultaram de uma consulta prévia aos 140 focolares sacerdotais. Com as considerações e propostas enviadas, a Comissão preparatória elaborou um documento de trabalho. Num clima muito vivo e construtivo, cada grupo abordou três temáticas, enucleando para cada uma, três propostas concretas que, unidas às dos outros grupos, foram apresentadas depois, em plenário. As orientações da Obra Resultou daí um quadro estimulante, segundo as grandes orientações da Obra: «Sair»: exercício do ministério pastoral à luz do Ideal – irradiação da espiritualidade de comunhão na Igreja – encarnação eclesial do carisma. «Juntos»: relacionamento com as novas gerações – vida de família com os sacerdotes idosos e doentes – ser Assembleia dos padres focolarinos 13 Obra – os nossos instrumentos e estruturas. «Devidamente preparados»: «missão» (fim específico) dos focolares sacerdotais – renovamento da vida dos focolares – formação. Os candidatos Teve um sabor de «novidade» a entrevista aos três candidatos, no dia das eleições: perguntas de todos os tipos com respostas que muitas vezes pareciam complementares, a tal ponto que a escolha do novo respon- sável, no final, foi quase ainda mais difícil: teríamos escolhido os três, de boa vontade! Felizmente vão fazer parte, juntos, do futuro Centro do ramo. Como novo responsável, elegeram o Pe. Antonio Bacelar, de Portugal. Foi um momento cheio de emoções, vivido na alegria transbordante de uma família onde se abre um capítulo prometedor. A Emmaus, informada da eleição, comentou: «Terá sido uma prenda de Nossa Senhora de Fátima?!». Com a graça de Deus Novas ainda as palavras do Pe. Antonio: «Com a graça de Deus, pronto a dar a vida por cada um de vocês, aceito!». «Encontro-me também no voto de quem optou pelos outros candidatos». «Naturalmente surgem-me muitas perguntas: “Como será?” Juntos vamos conseguir!». Um alicerce e ponto de partida - disse - foi a expe- riência feita com Pe. Silvano e depois com Pe. Hubertus. Indicando Maria Desolada como modelo, centrando a atenção sobre o «sacerdócio mariano» que somos chamados a testemunhar. Jesús Morán recorda uma passagem de Teresa d’Ávila citada pelo Pe. Antonio, no dia anterior: «“Se estamos no amor, faremos muito, em breve tempo, sem cansaço”. O trabalho existe porque o tempo urge – sublinha –, mas se deixarmos que seja Deus em nosso meio a fazê-lo, será sem fadiga». «Surpresa» foram as intervenções conclusivas da Emmaus e de Jesús. Depois de quatro dias em que procuramos ser, sobretudo, «Obra», projetada para a Igreja e para o mundo, eles focalizaram o nosso específico. Focolarinos A presidente reconhece-nos «focolarinos» e portanto «portadores do carisma», que mantêm a chama ace- sa, que todos podem alcançar para serem também portadores da chama. Deteve-se sobre no «estilo de vida do focolarino, a vida das cores», e acrescentou: «Vimos muitos desafios, perguntas, exigências. Fixemo-nos na vida mais que nas palavras, nas estruturas, na organização: que a vida esteja sempre em primeiro lugar, nos nossos pensamentos! Vocês podem fazer com que passe a presença de Maria na Igreja, de modo especial». Reinventar o focolare sacerdotal «“Reinventar” o focolare sacerdotal, atualizá-lo no hoje da Obra», foi o convite de Jesús Morán. «Vocês são “popos” e a primeira coisa que um sacerdote focolarino faz é levar a luz, a novidade do carisma». Faz tam- bém parte da missão dos focolares sacerdotais a encarnação eclesial, a renovação das estruturas eclesiásticas e a renovação teológica. «O Papa deveria encontrar em vocês aquele tipo de sacerdote com o qual está pensando de um modo novo a Igreja». E Chiara? Sentimo-la presente em cada momento. Todas as manhãs, na meditação, levou-nos para uma nova realidade: trechos de 1950 sobre Jesus no meio e a vida de focolare; pensamentos sobre o específico dos sacerdotes focolarinos; o tema sobre a Unidade, de 1981, entusiasma-nos a fazer nascer por todo o lado «células vivas, com Cristo no meio de nós, cada vez mais vivas, cada vez mais numerosas»; a experiência de Chiara com Jesus Euca- ristia, trazida até nós pelo tema de Emmaus. Voltar a estas origens e procurar corresponder a elas foi o segredo de tudo. 14 Perspectivas de Comunhão Comunhão de Experiências dos Gens da região Sudeste Festa de Reconciliação ““Perdoas ao próximo que te prejudicou: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados” (Eclo 28,2) No mês de agosto a Palavra de vida nos convidava a dar o perdão e, portanto, também o de pedi-lo. A partir desta reflexão eu percebi a necessidade de estarmos livres de qualquer obstáculo que nos impeça de amar a todos, de modo especial entre nós seminaristas. De manhã, indo para a faculdade, pensei que seria muito oportuno no nosso seminário um momento de pedirmos perdão e concedê-lo, mas não sabia como promover tal momento. Ao chegar ao seminário o reitor me procurou e me pediu que preparasse uma adoração para aquela noite. Logo me lembrei da Palavra de vida e percebi que era a vontade de Deus. Na hora marcada nos reunimos na capela e diante de Nosso Senhor exposto refletimos juntos a Palavra de vida após a qual convidei para que pedíssemos perdão aos nossos irmãos pelas nossas falhas. Eu dei início a esse gesto, depois foi a vez do reitor e um a um, todos foram pedindo perdão à comunidade pelas suas falhas e limites, e ao irmão quando necessário. Foi uma festa, uma festa de reconciliação! Saímos renovados, com um ânimo novo para amar, e amar a todos”. Ver Jesus no professor “Eu tinha muitas dificuldades com um professor e achava a aula dele pouco interessante. Por isso sempre ficava lendo outra coisa ou mexendo no celular durante a sua aula, como meio para passar logo o tempo. Nas férias conversando com um sacerdote do Movimento dos focolares, percebi que essa minha atitude estava muito longe da vontade de Deus. Ao retornar às aulas fiz a opção de ver Jesus nesse meu professor. Comecei a fazer anotações em sua aula, em casa complementei com leituras, de modo que as maiores anotações que tinha em meu caderno era daquela disciplina. O efeito disso foi uma nova relação com o professor. Muitos de meus colegas pensavam como eu e, ao emprestarem meu caderno e lerem as anotações como ajuda para a prova, perceberam quanto valor tem essas aulas e passaram também a fazer as próprias anotações”. Dobrar-se ao outro “Desde que cheguei à faculdade, senti certa antipatia por um seminarista de outra diocese, um pouco mais adiantado que eu nos estudos. Quando passava pelo corredor logo desviava o olhar. Um dia, lendo o pensamento diário que era: “dobrar-se ao outro”, aproximei-me deste seminarista para encher meu recipiente de água. Tive a tentação de ser o primeiro, mas ofereci para que ele fosse o primeiro. Num segundo dia, mesmo eu tendo chegado por primeiro, cedi a vez pois sabia que ele estava numa aula em que poderia se ausentar o mínimo. Com isso nosso relacionamento se ampliou. E agora, para minha surpresa, recebi o convite para sua ordenação e quando o entregou disse que fazia questão de que eu comparecesse”. Falar e ouvir por amor “Em nossa comunidade, surgiu uma questão que os seminaristas não conseguiam resolver sozinhos, mas ninguém tinha coragem de contar ao reitor para não querer prejudicar o seminarista envolvido. Depois de uma longa meditação decidi fazê-lo. De início a situação causou má impressão. Depois o seminarista envolvido percebeu que não o fiz por maldade, mas para a comunidade crescer. Com isso nossa amizade tornou-se mais intensa, inclusive nas horas de lazer, muitas vezes, vamos juntos ao cinema ou lanchar”. Comunhão de experiências 15 Da esquerda para a direita: Pe. Silvestre Marques, Pe. Antonio Bacelar ao telefone falando com Emmaus; o Copresidente Jesús Morán e Hubertus Blaumeiser que aguardam a confirmação do novo responsável pelo Centro dos sacerdotes e diáconos focolarinos. Emmaus confirma Antonio Bacelar. Trabalho dos secretários dos grupos, na Assembleia dos padres e diáconos focolarinos 13-19/10/2014 “Perspectivas de Comunhão” Redação: Antonio Capelesso; Hipólito Gramosa; Fernando Francisco; Júlio Antonio da Silva; André Heijligers, Luis Fernando e Fernando Steffens Suplemento da Revista Cidade Nova - Sociedade Movimento dos Focolari C.G.C. 44.245.488/0012-45 - Inscr. Est. 109.890.481.112 Rua José Ernesto Tozzi, 198-06730-000 - Vargem Grande Paulista - SP Redação e correspondência: Caixa Postal 18 CEP 06730-970 - Vargem Grande Paulista - SP 16 Perspectivas de Comunhão Ao centro, Pe. Hubertus Blaumeiser, com toda a equipe do Centro sacerdotal que, atualmente, deixa o encargo. Logo após a morte de Pe. Silvano Cola, Pe. Hubertus Blaumeiser foi eleito para um breve mandato e, em seguida eleito para o seu segundo mandato de seis anos. Nossa Assembleia foi um particular momento de gratidão pela incansável dedicação de Hubertus e de toda a equipe. Pe. Antonio Bacelar, sacerdote focolarino da Diocese do Porto, de Portugal, eleito pela Assembleia dos padres e diáconos focolarinos em outubro de 2014 e confirmado por Emmaus, presidente da Obra de Maria, para a coordenação do Centro sacerdotal nos próximos 6 anos. “Unidos, faremos muito, em pouco tempo, sem nos cansar”! Fotos da Assembleia dos padres focolarinos 17