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sexta-feira, 15 de março de 2013

RÔMULO DA SILVA - perfil


PERFIL ESPIRITUAL
 RÔMULO DA SILVA
Voluntário de Deus
 Belo Horizonte (MG) - Brasil

Rômulo conheceu o Ideal em uma Mariápolis, em julho de 1990, na cidade de Divinópolis (MG). Nesta época ele era seminarista e cursava Filosofia. Para ele o deparar-se com a novidade do Carisma de Chiara, apresentado naquela Mariápolis, foi uma grande surpresa, segundo ele mesmo comentou com seus companheiros de grupo naquele encontro.
Renato Andrade, Voluntário de Ouro Preto e Anthonio Marra, de BH, que naquela época eram Gen e estavam naquela Mariápolis, depois se tornaram grandes amigos e companheiros de Ideal do Rômulo. Ainda se lembram perfeitamente das impressões que tiveram dele nos primeiros encontros: uma pessoa muito especial, culto, educadíssimo, muito sensível, muito inteligente, crítico e extremamente racional. Mesmo suas experiências e descobertas espirituais deviam passar antes pelo crivo da sua razão.
Rômulo ficou fortemente impressionado com tudo o que viu e ouviu naquela ocasião em Divinópolis, e foi tomado por uma grande curiosidade de conhecer mais profundamente essa nova descoberta, aproveitando as oportunidades – de modo especial com Renato – para “filosofar” sobre o Ideal de Chiara, sobre o comportamento diferente das pessoas que tinha conhecido na Mariápolis, etc. A propósito destas ricas e proveitosas conversas, Renato, tendo percebido o imenso potencial do Rômulo, passou a acompanha-lo pessoalmente, indo com frequência visita-lo no Seminário onde ele morava em BH, e faziam longos e profundos colóquios, que iam da Filosofia à Espiritualidade da Unidade, do Movimento dos Focolares e suas estruturas às experiências vividas do Evangelho. Rômulo demonstrava uma grande sede espiritual e absorvia tudo o que lhe vinha explicado ou compartilhado. Estava encantado com o Ideal.
Algum tempo depois ele foi a uma Jornada Gen em BH, e, como recorda Anthonio,“ficou encantado ao encontrar jovens que procuravam escutar a Palavra e coloca-la em prática. Sendo muito interessado, queria saber de tudo, e rapidamente se aproximou dos Gen, que o receberam com alegria, iniciando com eles uma intensa caminhada na unidade."
Logo ele entrou num grupo de formação Gen e, em pouco tempo, o Ideal passou a ser o centro da sua vida. Aos poucos foi percebendo a beleza de Deus no Ideal da Unidade, e o Evangelho foi se tornando sempre mais real e vivo na sua vida. Quem dele se aproximava, via claramente sua alegria, sua luz, presente no seu sorriso, no seu olhar e também na sua maneira concreta de viver o amor. Ele sempre tinha uma palavra positiva, uma demonstração sincera de admiração para oferecer às pessoas com quem tratava.
“Como todos que conviveram com ele na época de Gen, lembro-me da sua autenticidade, de como ele dava a vida pelo Ideal e amava concretamente a todos. Sua família foi também tocada pela sua vida e alguns quiseram aproximar-se da Obra, fato que deu muita alegria a Rômulo e a nós Gen, que passamos a sentir a sua casa e a sua família como se fosse a nossa”.
Alguns anos mais tarde, Rômulo sentiu a vocação ao Focolare e partiu para a Escola Internacional de Formação dos Focolarinos, na Itália. Quando voltou para o Focolare de BH, dois anos depois, tinha manifestado os sintomas de uma grave doença, o Lupus. Os focolarinos que viviam com ele naquela época se lembram deste período da sua vida, ao mesmo tempo difícil, profundo e belo. Ele estava muito mal fisicamente, com muitas dores, típicas da doença. .
Um fato que chamava a atenção é que, sob aquele corpo sofrido e fragilizado, se percebia um espírito vigoroso, cheio de fé, amor e alegria de viver. Um coração enorme, uma inteligência privilegiada, acompanhada de grande simplicidade, uma humildade verdadeira e um profundo amor a Deus e aos irmãos eram as características que mais se evidenciavam nele. Rômulo agia como alguém que recebe tudo das mãos do Pai, sem reservas ou ressentimentos. Apesar do sofrimento físicos e moral, ele jamais perdia seu bom humor, seu entusiasmo pelo Ideal e sua simpatia natural. Ao observar-se tudo isso, só uma conclusão é possível: esse seu comportamento só podia ser resultado de um amor incondicional por Jesus Abandonado e de uma adesão total à Vontade de Deus. Quando a doença se agravava durante os períodos de crise, Rômulo compartilhava com os focolarinos a sua entrega sem reservas a Deus, sem nada temer, confiando no seu Amor infinito.
O focolarino casado e médico Eugênio Dumont sintetiza com beleza a profunda experiência de unidade vivida com Rômulo desde o momento em que este chegou no focolare de Belo Horizonte. “Para mim é muito difícil expressar em palavras os sentimentos que ao longo de tantos anos cultivamos eu e Rômulo, numa parceria de situações extremas, mas que se completam: dor-amor, angústia-alegria, fracasso-sucesso, certeza-incerteza, paciente-médico, médico-paciente, apego-desapego, inferno-paraíso, morte-ressurreição. Agora, tenho a impressão que uma grande amizade foi conquistada, dando a certeza e a alegria de ter um grande amigo no Céu”.
Quem acompanhou mais de perto essa experiência extraordinária vivida entre os dois filhos de Chiara, construída também na dimensão médico-paciente, sabe que se deve muito a ela o fato de Rômulo ter superado e muito as mais otimistas previsões médicas feitas sobre o seu estado de saúde, antes da sua chegada a Belo Horizonte.
E num certo momento, Rômulo decidiu, em unidade com a Obra, deixar o Focolare e, algum tempo depois, sentiu-se atraído pela vocação dos Voluntários, entrando em um Núcleo. Seus últimos anos, portanto, ele os viveu como Voluntário. Muitos são os testemunhos dados pelos voluntários sobre a vida de Rômulo, os quais estão direta ou indiretamente presentes neste texto.
Entre essas impressões pessoais, relatam-se aqui dois depoimentos de voluntários de BH, os quais exprimem bem a alma de Rômulo como Voluntário e promotor do Ideal da Unidade.
Lembra-se Ademir Procópio: “sempre percebi no Rômulo um amor muito grande pelo Ideal, um desejo enorme de se doar aos irmãos, um amor sincero pela Igreja e por Maria Desolada, além de um forte espírito de oração”.
“Sua vida, como voluntário, foi marcada pelo desejo de estar sempre unido, não obstante suas limitações físicas e suas dificuldades financeiras. Nada disso lhe impedia de ir em frente, de lutar, batalhar, fazer projetos, pois tinha muitos sonhos e propósitos muito santos. Além da Teologia e da Filosofia, Rômulo tinha paixão pela Informática e pelas telecomunicações, e sempre estava disponível para um bate-papo via Skype, o que estreitava a unidade entre nós, diminuindo as distâncias”.
“Sem considerar suas dificuldades pessoais, Rômulo muitas vezes acolheu generosamente em sua casa voluntários que vinham a BH fazer tratamentos médicos. Quando soube do grave problema de saúde de sua mãe, manifestado nesses últimos dois anos, ele dedicou-se intensamente a ela, esquecendo-se de seus próprios limites. Acompanhava-a as consultas médicas, aos hospitais, cuidava do seu tratamento, comprava os remédios e preocupava-se em fazê-la toma-los nos horários certos, além de fazer-lhe companhia nos fins de semana”.
Nos últimos meses, seu irmão Zezé, dando-se conta da grave situação do Rômulo e da mãe, acolheu-os na sua casa. Ele refere-se com emoção aos momentos passados em casa com Rômulo, nos quais tinham longos e profundos colóquios e também rezavam juntos o terço.
Seus numerosos irmãos e irmãs também lhe dedicaram muito amor durante esse período, especialmente durante a sua última internação.
Luciano Sepúlveda recorda-se em especial de duas circunstâncias vividas com Rômulo, que muito lhe marcaram. “Conheci o Rômulo quando ele chegou ao Focolare de BH, vindo da Escola Internacional do Focolarinos, no início dos anos 2.000. Ele estava muito mal fisicamente, por causa do Lupus, doença muito grave que tinha levado os médicos europeus a desengana-lo”.
“Logo vi que, sob aquele corpo sofrido e fragilizado, havia um espírito vigoroso, cheio de fé, amor e alegria de viver. Um coração enorme e uma inteligência privilegiada, que abarcava talentos e conhecimentos vários, indo da Teologia e da Filosofia à tecnologia informática”.
“Porém, o que mais me chamou a atenção foi a sua humildade e o seu profundo amor por Deus, à aceitação plena da sua difícil situação de saúde. Ele agia como quem recebe tudo das mãos do Eterno Pai, sem reservas ou ressentimentos. Apesar dos sofrimentos físicos e morais, Rômulo jamais perdia seu bom humor, seu entusiasmo pela vida e pelo Ideal, sua simpatia natural e seu amor concreto pelo próximo”.
“Observando tudo isso, concluí que a causa desse seu admirável comportamento não poderia ser que um grande e incondicional amor por Jesus Abandonado, e um total abandono confiante à Vontade de Deus”.
“Nesses últimos dez anos, fizemos vários colóquios, às vezes com intervalos de meses ou até de um ano ou mais um do outro, mas sempre caracterizados por uma grande profundidade, tanto humana quanto espiritual, sempre com a presença iluminante de Jesus no nosso meio. Lembro-me de modo muito especial de duas experiências vividas com ele que muito me marcaram, e ao mesmo tempo me deram a exata dimensão da sua grandeza como filho de Chiara”.
“Estando uma vez necessitado de uma ajuda técnica no campo da informática, para incrementar as minhas aulas de História da Arte, recorri ao Rômulo, que entre outras coisas, era um expert nessa área. Fiquei impressionado ao ver que, não obstante a sua fragilidade física decorrente da doença, o cansaço depois de um dia de trabalho, ele ainda encontrava força, disposição e alegria para me receber na sua casa e colocar-se inteiramente à disposição para socorrer-me no que precisasse”.
“Em outra situação foi ele que me procurou, para colocar em comum comigo uma delicada, séria e complicada situação que estava vivendo, um verdadeiro dilema moral, que muito o fazia sofrer naquele momento . Por causa da grande confiança mútua e da unidade madura que tínhamos construído, pude, com a ajuda do Espírito Santo e de Jesus presente entre nós, oferecer-lhe minha opinião a respeito, com muita liberdade, sinceridade e simplicidade. Mais uma vez, impressionou-me a grande humildade do Rômulo, ao aderir imediatamente à Vontade de Deus naquela situação específica, assim que esta lhe ficou clara, através da oração e da presença iluminante de Jesus entre nós. Apesar do grande sofrimento e da renúncia que isso lhe exigia, ele soube dar o difícil passo, confiando-se totalmente na misericórdia divina e na unidade com os irmãos de Ideal. Ele sempre nos pedia orações, ao mesmo tempo em que nos assegurava as suas”.
Relata o voluntário William Galvão: “Há tempos gostaria de compor o meu pequeno "con-tributo” ao irmão Rômulo, embora os limites humanos até aqui me impeçam de fazê-lo bem.
Devo dizer, entretanto, que o conheci nos idos dos anos oitenta, em um Congresso do movimento Gen's aqui em Belo Horizonte.
Fazia-me muito impressão a sua pureza e a sua capacidade de enxergar nos outros sempre o bem e a verdade. De ver nas pessoas somente o que elas tinham de melhor e fomentar nelas a dilatação deste bem, tudo de uma forma fortemente Mariana e translúcida.
Posteriormente, fomos Gen e ele se tornou o branco da minha primeira Unidade Gen em BH. Pude verificar o quanto encarnava bravamente o Ideal, sobretudo, quando montamos juntos uma escola de informática em Contagem. O viver as palavras do Evangelho se transformava para ele em didática, em administração, em números e em vida. Abraçou com tal radicalidade o Ideal que se lhe despertou o desejo de ser Focolarino. De fato, era do seu perfil ser totalitário. No curso dessa experiência descobriu-se doente e teve que retornar ao Brasil e por fim, sair do Focolare. Pediu-me para dividir comigo um apartamento. No seu quarto, guardava a imagem de "Maria Desolada" com um apreço todo especial. Aliás, no curso de sua "Viae Maria", ela, a Desolada e Ele, o Abandonado, foram seus inseparáveis companheiros. Nos momentos de crise da doença que o assolava, no tratamento doloroso, nas aulas de Tai chi chuam... Sempre um "por Ti Jesus".
O seu Sim a Deus, ao Abandonado e à Mãe que tanto amou, se consumou no alto dos seus 44 anos com a simplicidade de quem nada possui senão, ao Tudo que é Deus....”
O Voluntário de BH Daniel Silveira, que sempre esteve muito próximo ao Rômulo e, de modo especial, o acompanhou no seu último período no hospital, relata como lhe impressionou ver que, coerentemente com toda a sua trajetória de vida, ele, também nos seus últimos e difíceis momentos, estava entregue nas mãos de Deus, com confiança e paz.
A todos os que conseguiram visita-lo no hospital, antes que ficasse inconsciente, Rômulo confidenciou duas coisas: “que se tinha colocado total e definitivamente nas mãos de Deus quanto à sua vida e saúde, aceitando incondicionalmente a Sua Vontade, fosse qual fosse. E que, caso o Eterno Pai ainda lhe concedesse tempo, gostaria de servi-Lo como sacerdote.”
Deste modo, Rômulo manifestava, pela última vez nesta vida, sua maior característica espiritual: um abandono humilde e confiante nas mãos de Deus, junto a uma inabalável disposição em servi-Lo.
Como conclusão, citamos o que disse sobre Rômulo seu sobrinho Giovane Teixeira, que conheceu dele o Ideal e hoje é um Voluntário. Essa frase resume perfeitamente o que todos nós, internos da Obra, parentes e amigos, sentimos no fundo da nossa alma em relação ao nosso caríssimo Rômulo: “Amando os seus, amou até o fim. Ele amou, por isso existiu e deixou tanta unidade entre nós”.

Belo Horizonte, 15 de março de 2013.