Big Brother: «a vida como ela é» sempre que o amor é substituído pelo egoísmo
Bispo brasileiro comenta programa televisivo
Por Alexandre Ribeiro
DOURADOS, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008 (ZENIT.org).- Segundo um bispo brasileiro, o «Big Brother» mostra «a vida como ela é» sempre que o amor é substituído pelo egoísmo.
Dom Redovino Rizzardo, bispo de Dourados (Mato Grosso do Sul, centro-oeste do Brasil), comentou sobre o programa febre mundial e que é exibido em sua oitava edição pela maior rede de televisão brasileira desde o dia 8 de janeiro.
O bispo lembra primeiramente --no artigo difundido por sua diocese esta segunda-feira-- que, em sua origem, o Big Brother (Grande Irm&ati lde;o) é o personagem central do romance “1984”, publicado em 1948, pelo escritor inglês George Orwell.
«Preocupado com o totalitarismo soviético, Orwell imagina uma sociedade dominada por um ditador, que se autodenomina “Grande Irmão”. Nela, os cidadãos são permanentemente vigiados por câmeras instaladas em toda a parte, a começar de suas casas.»
«Certamente, o autor jamais teria imaginado que sua profecia se realizaria em regimes que se dizem democráticos», comenta.
Dom Redovino destaca que a emissora Rede Globo afirma que o «Big Brother» apresenta «‘a vida como ela é’ na realidade de cada dia, em cada ambiente, inclusive na família –, e não como imaginamos ou queremos que seja.»
De acordo com o bispo, na verdade, o programa mostra «‘a vida como ela é’ sempre que o amor é substituído pelo egoísmo: o outro passa a ser visto como concorrente e rival, que precisa ser destruído para que eu possa vencer».
«No espetáculo, o que parece imperar a velas soltas é o princípio maquiavélico de que o fim justifica os meios. O que importa é atingir o objetivo, mesmo que, para isso, tudo fique em segundo lugar, inclusive a respeito e a dignidade da pessoa humana.»
Se assim for --prossegue o prelado--, «a Rede Globo tem razão»: «o Big Brother é a cara de um Brasil sem princípios, sem valores e sem rumo e, por isso mesmo, malandro, corrupto e violento – o oposto da pátria que desejamos e ajudamos a construir se... ficarmos longe de shows tão malfadados!»
De acordo com o bispo, «o comportamento dos componentes do Big Brother e do público são expressões de imaturidade human a e não refletem o que o ser humano tem de melhor».
Dom Redovino comenta ainda que o programa estimula a ilusão de entrar em um mundo virtual televisivo «onde tudo é fácil e permitido, e a felicidade depende de determinados produtos».
«Basta olhar a fisionomia dos atores nos anúncios publicitários. Será que pode existir um sonho melhor do que ganhar dinheiro e fama sem fazer nada?», comenta.
De acordo com o bispo, a «imensa maioria da população brasileira tem uma existência dura, sofrida e trabalhosa, exatamente o contrário do que acontece no Big Brother».
«No Big Brother, o participante vira espetáculo, uma espécie de marionete obrigada a satisfazer as necessidades da emissora (inclusive financeiras) e dos telespectadores.»
O bispo cita a edição de dezembro de 2007 da revista “Cidade Nova”, para enfatizar que «o programa sacrifica o que o ser humano tem de melhor: a capacidade de estabelecer relações verdadeiras, baseadas na gratuidade e na sinceridade».